O setor educacional tem sido um dos mais fragilizados, com projetos e medidas que se avizinham como elementos de retrocesso, particularmente uma proposta de reforma do ensino que pretende retirar do currículo disciplinas que supostamente podem conduzir os estudantes à reflexão e maior autonomia, como Sociologia e Filosofia. Outro projeto que tensiona fortemente o setor educacional é o projeto que pretende “despartidarizar” ou “despolitizar” a sala de aula, o qual supõe que professores e estudantes não podem discutir assuntos relacionados a certos aspectos históricos, sociais, políticos, psicológicos, pois tais discussões funcionariam como ferramentas de doutrinação ideológica e até mesmo como processos de reorientação sexual de crianças e jovens.
Parte da sociedade tem reagido vigorosamente contra esse estado de coisas, manifestando um grande descontentamento e disposição para impedir alguns desses projetos. Um dos movimentos mais marcantes tem sido o de jovens estudantes secundaristas e universitários que, desde 2015, vêm ocupando escolas e universidades como forma de mobilizar e demonstrar a sua insatisfação perante os rumos da política. O movimento de ocupação tem mostrado que os jovens podem ocupar um lugar de destaque no processo de autorreflexão da sociedade, e também que, a seu modo, fazem escolhas que dizem respeito a um modo de compreender e agir no presente e assim projetar o futuro.
Nesta 13a edição, DESIDADES traz na seção Espaço Aberto uma entrevista com o pesquisador e Doutor em Educação, Luiz Carlos de Freitas, que aborda diferentes aspectos do atual contexto da educação brasileira, em especial os problemas da privatização do ensino, a reforma educacional e os movimentos de resistência protagonizados pelos estudantes brasileiros.
Na seção Temas em Destaque, Fernando Rey Arévalo Zavaleta, Gloria Patricia Ledesma Ríos, María Esther Pérez Pechá e Saraín José García discutem os resultados de uma pesquisa sobre o sistema de educação autônoma zapatista que opera nas regiões autônomas dos Altos e na Selva Lacandona, em Chiapas, México. No artigo “A proposta educativa nas comunidades zapatistas: autonomia e rebeldia”, os autores mostram que, neste sistema, a escola é organizada para ser um espaço de formação de jovens e crianças tendo em vista o “olhar do mundo próprio dos zapatistas”, ou seja, um projeto educacional que reforça a necessidade de relação harmoniosa com a comunidade e a natureza e ideais amplos sobre autonomia e liberdade.
Já de há muito se discute que não se pode falar de uma juventude, mas de juventudes, ou melhor, de um fenômeno que revela condições diversas de sujeitos, com múltiplas pertenças e gostos, desejos e referências. Essa heterogeneidade marca os diversos lugares de vida dos sujeitos jovens, como discute a pesquisadora Rosana da Câmara Teixeira, que abordou a experiência de participação dos jovens nas torcidas organizadas, no artigo “Aprendizagens e sociabilidades juvenis: a experiência das Torcidas Jovens cariocas”.
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