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Sustentação e qualificação: revigorando os ‘espaços de fala’ entre os jovens

Este trabalho é fruto da dissertação de mestrado intitulada Indiferença, o esquecimento do humano: um estudo sobre a importância dos ‘espaços de fala’ entre os jovens no contemporâneo, onde articulamos a questão da indiferença com a desestabilização em que se encontra o indivíduo contemporâneo, analisando seus efeitos na relação com o outro.

O termo indiferença foi considerado de acordo com as seguintes acepções:“falta de interesse, de atenção, de cuidado; descaso, desinteresse, negligência” (Houaiss, 2001). Defendemos a idéia de que a concepção da indiferença enquanto inércia ou apatia obscurece, em nossos dias, o seu potencial de predação, pois acreditamos que ela se expressa pelo descaso à humanidade que se encontra no outro, pelo movimento que o desqualifica e que afeta a sua integridade moral e emocional. O panorama a partir do qual buscamos olhar a expressão da indiferença em nossos dias, comportou a constatação de um momento que se pauta pela urgência, pela velocidade e pelo conseqüente estreitamento do campo de elaboração, onde o indivíduo, frente às demandas externas de constante atualização de suas qualificações é convocado a desenvolver uma capacidade de se reinventar e de permanecer estável em um ambiente instável e competitivo. Diante desse cenário, assiste-se ao enfraquecimento dos laços entre os indivíduos e ao esquecimento do humano. Assim, os efeitos da indiferença se traduzem na crença de que não somos necessários e de que não podemos contar com o outro. A fim de verificar como os jovens respondem a esse cenário social, elegeu-se como foco de observação três turmas de jovens da 8ª série, com idade entre 13 e 14 anos, de uma escola particular da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. A partir das reflexões e discussões em grupo – aqui consideradas como espaços de mobilização do sentir e do pensar através da fala – se investigou como a indiferença se fez presente no âmbito das relações e das discussões desses grupos de jovens. Os jovens com os quais trabalhamos, embora privilegiados socialmente em uma cultura do bem-estar, nos revelaram no seu encontro com o outro, com o diferente, a fragilidade de seus laços. Fragilidade disfarçada pela atuação da hostilidade e da indiferença, encobrindo a solidão de não se sentirem ligados e, portanto, reconhecidos.

Autora: Sonia Regina da Silva Borges Cardoso de Oliveira
Palavras-chave: Jovens, Grupos de discussão, Indiferença
Referência completa: Cardoso de Oliveira, Sonia Borges. Sustentação e qualificação: revigorando 'os espaços de fala' entre os jovens. In: Semana de Integração Acadêmica do Centro de Filosofia e Ciências Humanas Desafios às Ciências Humanas e Sociais, Rio de Janeiro, p. 1-11, 2006.