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Os amores e o ordenamento das práticas amorosas no Brasil da belle époque

O objetivo deste artigo é investigar o campo amoroso e o ordenamento das práticas afetivo-sexuais, particularmente, no Brasil da Belle Époque.

A partir da análise de trabalhos das Ciências Humanas e Sociais buscou-se mapear o campo amoroso da burguesia europeia da era vitoriana, a qual exerceu grande influência sobre o Brasil, enfatizar o papel exercido pelas mulheres nas transformações do amor, e mostrar como no Brasil as práticas amorosas foram reguladas segundo a ordem social determinada pelas elites citadinas. Defende-se aqui a ideia de que a noção de amor não é unívoca, pelo contrário, ela é datada, construída e alterada em função de mudanças históricas, religiosas, sociais e culturais. A maneira como o indivíduo sente, expressa e vivencia o sentimento amoroso está relacionada a um conjunto de ideias, fantasias, imagens e discursos ao qual ele tem acesso, no qual ele é inserido por intermédio da sua família e do(s) grupo(s) social(ais), com o qual ele se identifica ou não. Nas primeiras décadas do século XX, apesar da vida amorosa brasileira ser caracterizada por uma diversidade de noções, expectativas e práticas amorosas, existia um modelo relacional dominante, um discurso que pretendia unificar as diferentes práticas afetivo-sexuais. Alguns homens e mulheres pertencentes a camadas sociais distintas buscaram viver relações mais flexíveis e simétricas. No entanto, a exploração da pluralidade afetivo-sexual foi limitada, vigiada e controlada por uma política higiênica que hierarquizava e ordenava as diferentes práticas. Esta política determinou normas claras e rígidas que forçavam os indivíduos a acreditar em uma noção de amor específica – o amor romântico domesticado –, a se sujeitar a enquadramentos coletivos, e a reproduzir um modelo relacional importante para a integração do indivíduo na sociedade, a supremacia dos interesses sociais sobre os individuais, em suma, para a manutenção da ordem social vigente.

Autora: Jacqueline Cavalcanti Chaves
Palavras-chave: Amor, Sexualidade, Brasil, Belle Époque
Referência completa: CHAVES, J. C. Os amores e o ordenamento das práticas amorosas no Brasil da Belle Époque. Análise Social – Lisboa (Portugal), n.180, p. 827-846, 2006. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S0003-25732006000300006&script=sci_arttext