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É com enorme satisfação que, em nome de toda a Equipe Editorial, trazemos ao público leitor o primeiro número do periódico DESidades, com vistas a privilegiar o campo da infância e juventude.

Pode parecer um truísmo afirmar que as crianças e os jovens existem nos lugares. Sabemos que o espaço – com seus objetos, paisagens e técnicas – compõe a existência humana de todos, assim como a das crianças e dos jovens.

Nas sociedades democráticas modernas a igualdade é um valor que precisa ser verificado nas práticas sociais. É na atualização de modos de existência e sociabilidade mais justos que alcançamos concretizar o valor da igualdade, mesmo que persistam as disputas e os desacordos sobre as formas de verifica-lo.

À crescente visibilidade que a juventude parece ter no cenário público, mais claramente se impõe a constatação da diversidade da experiência de ser jovem através dos diferentes grupos sociais, culturais e econômicos. Ser jovem não corresponde a compartilhar os mesmos tipos de experiência com todos aqueles que, coincidentemente, têm a mesma idade; e nem, muito menos, significa poder agir, sentir e valorar, da mesma forma, as relações com os pares, com os mais velhos, o sentido de futuro e os deveres de pessoa e cidadão.

“Tornar-se”, como o contínuo processo de ser, demanda que os sujeitos humanos (re)-inventem permanentemente os sentidos de sua existência.

De 2006 a 2014, em nome da guerra contra o crime organizado, 45 mil pessoas foram mortas no México, a imensa maioria das vítimas sendo jovens do sexo masculino. No Uruguai, para um adulto pobre, existem sete a oito crianças ou jovens pobres, os primeiros a serem afetados nas crises econômicas nacionais e internacionais, e os últimos a se beneficiarem em caso de fortalecimento econômico.

Neste momento assistimos a mais um episódio da cena política brasileira que, ao investir contra o pacto social acordado na Constituição Federal, cria factoides da realidade social cujos desdobramentos serão nefastos sobre a juventude e suas relações com a geração dos adultos.

A julgar por discursos não tão distantes do presente, a juventude foi frequentemente celebrada como a metáfora da mudança social, e neste sentido, nela se depositavam as esperanças de um futuro melhor. Karl Mannheim, em um artigo escrito em 1954 que procurou responder à pergunta sobre qual seria a contribuição da juventude à sociedade, afirma que “a juventude é um dos mais importantes recursos espirituais latentes para a revitalização de nossa sociedade”.

Com a 9ª  edição da DESIDADES, que ora lançamos, celebramos o seu segundo ano de existência.  Em dezembro de 2013, quando lançamos o primeiro número, vislumbramos o desafio de construir um veículo de divulgação científica, em duas línguas – português e espanhol – acerca da infância e da juventude latino-americanas.  Vislumbramos, porque não se tinha ideia das dificuldades que teríamos que enfrentar. 

Crianças e jovens não gozam, e talvez nunca tenham gozado (Corazza, 2000), de um lugar especial em que sejam preservadas das agruras da vida social e das intempéries da vida política.